Tentando ser Normal

Hoje ja acordei com saudades....

Published by Dani under on 21:34

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de uma noite juntos.
Saudade de uma volta na rua.
Saudade de um abraço único.
Saudade do gosto de uma fruta que
não se encontra mais.

Saudade do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida
é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem
se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele para a faculdade,
mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem
vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se
menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe
como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ele continua fungando
num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa
daquela alergia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista
como prometeu.
Não saber se ele tem comido bem por causa
daquela mania de estar sempre ocupado;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Absinto;
se ele continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ele continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ele continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ele continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer
com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor
de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ele está com outro,
e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,
e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos.
É não querer saber se ele está mais magro,
se ele está mais bel.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama,
e ainda assim doer...
Saudade é isso que senti
enquanto estive escrevendo
e o que você, provavelmente, está sentindo
agora depois que acabou de ler.

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